segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tem bala aí?

Esta pergunta, aparentemente simples, tem muito a ver comigo. Aos que ainda não conhecem sua origem, uma breve introdução.

Maio de 2008, último período de faculdade (jornalismo, PUC-Rio). Monografia de vento em popa. Um documentário sobre festas rave e música eletrônica. Dificuldades na produção depois da morte de um garoto em uma festa que eu havia ido em outubro de 2007. Não conseguia autorização para filmar em nenhuma festa e, para completar, não fazia a menor ideia de que nome daria ao filme. Nesse contexto, fui com primos e amigos a uma festa indoor de trance só para curtir, já que não seria possível gravar lá. No meio da noite, enquanto esperávamos uma das meninas do grupo voltar do banheiro, uma garota vem na minha direção e pergunta "tem bala aí?". Estava definido o nome do meu curta!

Mas o que levou aquela garota e, mais tarde, no mesmo dia, um cara a perguntarem se eu tinha ecstasy para vender? A resposta não é certa, é apenas uma suposição. Ao me olharem na festa, andando e me movimentando de uma forma, digamos, diferente, eles acharam que eu estava doidão quando, na verdade, a causa disso é minha deficiência, uma paralisia cerebral discinética. A surpresa veio da pergunta, porque, em quase 4 anos de festas rave, já estou cansado de ouvir comentários do tipo "tá muito doido hein", "o que que você tomou?", etc. Termino o post inicial com um trecho de off do "tem bala aí?".

"No início, tentei argumentar, explicar o que realmente eu tinha. Mas, como os doidões eram eles e não eu, muitos não levavam a sério ou sequer entendiam o que eu dizia. A partir daí, passei a brincar com isso. Agora, entro na pilha, falo que estou muito doido, que tomei tudo. E rio, rio muito. Porque quem ri por último, ri melhor."

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