quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Quem sou eu?

Me chamo Daniel de Castro Gonçalves, tenho 25 anos e, atualmente, sou editor de imagens no jornalismo da TV Globo. Não sei ao certo o que ocasionou essa minha paralisia cerebral do tipo discinética. Meus pais contam que quando tinha cerca de seis meses de idade, me levaram a um medico por causa de alguns problemas alimentares. Foi esse medico que disse que eu poderia ter “alguma coisa” e indicou um neurologista.

Esse neuro confirmou a suspeita do outro médico e disse para iniciar os tratamentos (fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia). Eu tinha oito meses na época e, desde então, sigo com as sessões. Até os 5 anos de idade, fiz o tratamento no Rio, na clínica de Beatriz Saboya. Foi ela quem indicou o uso da máquina de escrever para eu ser alfabetizado. Dos 6 aos 19 me tratei em Barra Mansa e Volta Redonda. Quando vim para o Rio fazer a faculdade de jornalismo, passei os tratamentos para cá. Hoje em dia, faço uma sessão de fisio e outra de T.O. por semana.

Ao longo de todos esses anos, passei por algumas situações, no mínimo, engraçadas. Digo isso por ter aprendido a achar graça de
casos que poderiam ser vistos como “preconceito”. Quando era menor, pessoas que não me conheciam me tratavam como um bebê, falando de “boca mole”, achando que eu não as entendia. Com freqüência, falavam com meus pais ao invés de se dirigirem a mim. Conforme fui crescendo, essas atitudes se modificaram. Hoje, quando saio para boates e festas, as pessoas acham que estou bêbado ou drogado. Como já disse, aprendi a achar graça disso, e rio muito quando acontece.

Desde 2002 pratico escalada indoor
e em rocha.

Para finalizar, um pequeno texto que escrevi semana passada.


"Acessibilidade não é só construir rampas nas ruas ou ter mais ônibus adaptados rodando pela cidade. Antes de tudo é preciso ter mais respeito. As leis e "facilidades", como vagas especiais nas ruas, já existem, mas, infelizmente, não são respeitadas. Motoristas despreparados trafegam em alta velocidade pela cidade. Se, para mim, que me movimento bem já é difiícl em certos momentos, imagine para um cadeirante, uma pessoa com muletas e até mesmo um idoso.
O primeiro passo para a inclusão é ir para as ruas, "aparecer" para a sociedade, sem medo de olhares "tortos" e possíveis preconceitos. Somos capazes de fazer tudo. A diferença é que fazemos do nosso próprio jeito."

Daniel Gonçalves